Virgínia Cavendish sempre optou por personagens mais intensas em sua carreira. Talvez pela formação superior em canto lírico ou mesmo pelas influências mais densas que teve ao longo de sua trajetória como atriz. Ou por sua atuação em obras do diretor Guel Arraes, ex-marido da atriz. Na verdade, essa pernambucana de sorriso farto, que está no ar como a batalhadora Helena, na nova temporada de Malhação, sempre escolheu papéis de impacto em sua carreira e garante que não quer estar o tempo todo com a cara na televisão.Agora, em sua segunda personagem em Malhação - após viver a espalhafatosa Linda Glitter na temporada de 2010 -, a atriz de 40 anos interpreta Helena, uma mulher traída que dá a volta por cima e muda de vida ao se separar do marido Nelson, de Kadu Moliterno. "Ela cansa das traições quando o marido aparece com um filho fora do casamento. Isso é a gota d'água! Ela se transforma, fica mais atraente e vai à luta. Adoro personagens com atitude", ressalta a atriz.Você sempre optou por atuações mais esporádicas na TV. No entanto, a Helena é sua segunda personagem em Malhação em menos de um ano. Que interesse o programa desperta em você?Nessa temporada tem o núcleo do (diretor José) Alvarenga. Adoro ele. Acho que vai ser bem bacana essa temporada, com um texto mais adulto, diferente, a ideia de mostrar as pessoas conectadas. No meu caso, a minha personagem, Helena, é muito interessante, tem um universo próprio, não é um suporte para as tramas juvenis. Mas realmente prefiro ser bissexta na TV. Não queria estar o tempo todo com a cara na televisão.Por quê?Gosto de escolher os projetos e as pessoas com quem vou trabalhar. Por isso também sou produtora de teatro e cinema. Essa é a vantagem de ter contrato por obra. Não aceito todos os trabalhos que me chamam. Mas tem outros que topo de cara. Vou estar em um especial de fim de ano do Jorge Furtado que é um primeiro telefilme policial da Globo, feito para a TV. É um projeto ainda em segredo, mas incrível, com o Rodrigo Santoro, Débora Falabella, Fúlvio Stefanini e Luiz Miranda no elenco, além de mim. Gosto de projetos bons. Malhação também está com histórias fortes para os adultos e isso me interessou.Sua personagem tem uma grande virada na história após ser traída por anos pelo marido. Como ocorre esta mudança?Ela leva essa vida de traída porque gosta muito dele e entende as puladas de cerca. Ela acha que isso não é grave. Mas um dia ele aparece com um filho de 16 anos e aí é a gota d'água para ela. Acaba a brincadeira. Ele insiste em continuar casado, diz que vai se aposentar, mas ela termina tudo e vai morar na casa da mãe. Aí acontece a grande mudança: deixa de ser basicona, de usar jeans e camiseta, passa a se arrumar, consegue emprego, tem uma vida nova. Mas eles continuam se falando. O Nelson se envolve com uma menina novinha e acaba virando amante da Helena, que agora só vai querer ser a outra, não vai voltar a ficar casada com ele.Existe um tom cômico na personagem?Me inspirei em uma comédia romântica, Simplesmente Complicado, com a Meryl Streep e o Alec Baldwin, que vive um casal separado há anos que tem um caso após ele se casar com uma menina mais jovem. Mas a Helena é um tipo de mulher que não existe mais, né? Não sei se ainda existe alguma mulher que aguenta traição. Acho que não existe, ninguém precisa estar casada hoje em dia, independentemente da classe social. Isso faz mal.Em seus 13 anos de carreira na TV, desde sua estreia em Dona Flor e Seus Dois Maridos, a maioria de suas personagens sempre teve um apelo sensual. Como você avalia essas escalações?Eu não tenho a menor ideia. Não sei o que acontece. Lembro que quando fui fazer Avassaladoras, na Record, e queriam que eu fizesse a gostosona que sai comendo todo mundo. Mas pedi para fazer a "workaholic". Já tinha feito muitas gostosas. Eu não entendo porque me chamam para essas personagens. Me acho magrela. Mas, para mim, esses papéis sensuais são mais fáceis de fazer. A Helena, nessa primeira fase, não tem muita vaidade. Mas quando o bicho pegar, ela vai se montar. Vai colocar batom, esmalte vermelho e dizer: "esse homem é meu!" (risos).
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